Refém das redes
Obcecada com o que vou postar hoje.
Obcecada que não tirei a fotografia naquele sunset fantástico e estava mesmo giro OH MEU DEUS!
Obcecada que não coloquei que estou interessada naquele evento que todos vão!
Que não coloquei aquele hashtag!
Que não fiz aquela piada do momento!
Faltei a tanto....
Vivi tão pouco.
Quem aparece esquece e tenho medo de ser esquecida.
Dá trabalho alimentar a vida social virtual porque na verdade cansamo-nos sem ter o real prazer das coisas.
Eu sinto que estou a colocar coisas só porque sim.
Só para parecer que a minha vida é fantástica e que estou super bem, há vezes que nem estou.
Tantas vezes.
Que vomito que precisava escrever!
E escrever é tão melhor que publicar um instastories.
É tão melhor que publicar uma foto.
É tão melhor que andar obcecada por ver se tal pessoa viu ou não.
Que prisão de redes sociais!
Que prisão de ter de estar sempre online.
Sempre em cima do acontecimento.
Sempre nos sítios do momento que se calhar nem quero estar, vou porque vão todos.
Sou refém das redes sociais!
Admito.
Sou falsa.
Aquela não é a minha vida.
Aquilo não sou eu.
Eu sou isto
Eu sou só isto
sem retoques de cores e filtros
sem frases inspiradoras como legenda
sem mil drafts ou correcções antes de publicar.
Aprecio mais cada pessoa que tenho aqui ainda embora nunca lhes tenha\me tenham visto a cara ou escutado a voz do que os 500 seguidores do meu instagram.
Sou eu agora, a escrever tudo aquilo que me sai do peito, porque quero!
AH!
Oiço Norah Jones.
É a unica coisa que me apetece "taggar" neste texto.
Porque de facto se colocarem os phones e puserem a tocar "Why can't he be you" vão ver como sentem esse libertar de espirito.
Ora tentem.