Quando amigas seguem caminhos diferentes
Não há nada para dizer.
Nada para discutir.
Nenhuns is para serem colocados pontos.
É um afastamento silencioso por fora, mas ruidoso por dentro, como um velcro a descolar.
Não queremos deixar ir, mas não temos nada a que nos agarrar. É tudo sentimento de posse.
São amizades intensas, daquelas que mais parecem namoros.
Um silencio mais demorado pode causar um fosso tão grande entre ambas que nenhuma tem coragem de perguntar o que se passa.
Esse silêncio às vezes até é confundido com amuo.
Nós mulheres temos jeito para isso.
Mas na verdade, mesmo conversando, essas conversas já têm mais silêncios do que dialogo.
Já não temos nada para contar.
E quando temos, passamos mais tempo a falar sobre cada uma das nossas vidas do que a falar das experiências que temos juntas, porque essas já são poucas ou nenhumas.
Já não nos divertimos.
Começa a ser difícil combinar algum encontro, porque de repente, existem muitas incompatibilidades.
De repente, da mesma maneira que nos apaixonamos, nos desapaixonamos.
E é tramado aceitar isto.
É tramado desistir de alguém que faz parte da nossa vida há tanto tempo, que teve connosco em momentos cruciais da nossa evolução como pessoa.
Que nos tornou quem somos hoje.
Sentimo-nos até ingratas, por outro lado, desfalcadas.
Parece que andamos com um túmulo pendurado a nós, preso por um fio de pele tão fino que podíamos fácilmente partir, mas preferimos deixar partir por ele mesmo.
Não queremos fazer o luto dessa amizade.
Não queremos assumir que essa amizade morreu, ou que não tem mais a mesma intensidade.
Mas como nas outras relações, sou apologista que não se deve escavar nada.
Quando é assim, mais vale deixar como está.
Assim podemos deixar a pessoa ir em paz e nós também vamos em paz porque não houve nada de negativo neste afastamento.
Ao mesmo tempo deixamos sempre a porta aberta caso essa pessoa queira voltar a estar activa na nossa vida ou até pontualmente precisar de nós.
Amizades intensas nem sempre têm de ter finais dramáticos.
É importante congelar o carinho. Preservar o que é bom.
E no final, o respeito vai sempre prevalecer.