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A Podenga Portuguesa

Mulher dramática, pensativa, inquieta, feliz e infeliz. Que carrega o peso do mundo nas costas. Que é filha da mãe natureza. Acredita no amor, na empatia, na verdade, na hipótese.

A Podenga Portuguesa

Mulher dramática, pensativa, inquieta, feliz e infeliz. Que carrega o peso do mundo nas costas. Que é filha da mãe natureza. Acredita no amor, na empatia, na verdade, na hipótese.

Porquê rebaixar/gozar com outra pessoa?

Hoje quando abri o facebook de manhã vi uma piada que um rapaz fez a uma foto que uma amiga minha pôs no facebook.

 

Ao exibir o seu novo "colega" de trabalho (peluche) o rapaz diz:

 

"Tem um cérebro maior que o teu?"

 

Ao que ela respondeu a tentar repostar.

 

"Sim, como tu. É um cabeção".

 

E ele remata:

 

"Então é maior, bem me parecia."

 

Suponho que sejam amigos o suficiente para isto não ser uma troca de galhardetes disfarçados de "bom" humor amistoso.

 

Contudo, fez-me pensar na necessidade que as pessoas têm de gozar/rebaixar/pisar outras pessoas.

 

Eu já sofri de bullying no trabalho por uma senhora 20 anos mais velha que eu enquanto estava num projecto de consultoria de sistemas de informação. Ela era a minha keyuser e então tudo o que eu fazia tinha de ser supervisionado por ela, alem de que, fisicamente ficava sempre sentada perto dela, o que significava que ela tinha tudo por onde pegar. Desde o meu trabalho ao lanche que comia.

 

Recordo-me perfeitamente de um dia de primavera que levei um top para o trabalho (normalíssimo) e pedi para fecharem a janela, pois de manhã na primavera está mais fresco e eu estava ao lado da janela.

Passado uns minutos ela foi abrir a janela e alguém lhe disse para não abrir.

Ao que ela disse em voz alta "Desculpa mas tenho calor, não venho nua para o trabalho".

A pessoa, colega dela, que percebeu a indirecta para mim disse-lhe "Ninguém vem nua para o trabalho".

 

E aquilo ferveu-me e doeu-me de uma maneira que tudo o que eu fazia ou dizia já saía a medo do que ela pudesse dizer.

 

Nunca percebi porque me dizia aquelas coisas, em voz alta, para que toda a gente percebesse a indirecta. Sem nunca dizer o meu nome...toda a gente (eu inclusive) percebia que era para mim.

 

De referir que eu, com 21 anos, tinha acabado de sair da faculdade...nem sequer estava calibrada para lidar com este tipo de situação.

 

Foram uns 3 meses assim. Até o meu chefe (homem) ser substituído por uma nova chefe (mulher) que também tinha sofrido do mesmo problema com a mesma pessoa.

 

Como eu era consultora e ela cliente, não podia responder-lhe, então aguentei e fingia que não ouvia.

 

Hoje em dia, com tudo o que já passei, falei sobre o assunto e inclusive por ter participado em algumas palestras de desenvolvimento pessoal , percebi que é possível dar volta a estas situações (na vida adulta, pois estas situações de bullying até á adolescência é muito difícil combatê-las sozinho).

 

1º ponto: ninguém te machuca se tu não permitires. Ou seja, tu tens de perceber que NINGUÉM tem o direito de te infligir qualquer tipo de sofrimento. Ninguém. 

 

2º ponto: quando as pessoas fazem isso, elas próprias estão em sofrimento. Aqui custa um bocadinho vitimizar o agressor, mas o que quero dizer é que, ninguém que recebe amor dá violência. Alguém que hoje é o opressor, um dia já foi vitima. Infelizmente existe muita ocorrência de violência (seja ela de que tipo for) por parte de vitimas e isto nota-se por exemplo na violência doméstica (não percebo porque subdividem a violência em tipos...enfim).

 

3º ponto: se te distanciares e perceberes que a pessoa te está a fazer isso, porque é a opção dos fracos para se sentirem superiores, percebes que no final quem é superior és tu. Atenção que ninguém é superior a ninguém, no entanto, numa situação de opressor/vitima, muitas vezes a vitima culpabiliza-se e até encarna a personagem que o opressor lhe incute.

 

No meu caso de bullying, a situação resolveu-se quando eu reportei á minha superior hierárquica (mulher) o que se estava a passar. 

 

Ela foi falar com a senhora com um discurso muito simples que muito resumido dizia:

"Nós não estamos aqui para dificultar o trabalho nem para te atrapalhar a vida, e se te fizermos sentir isso por favor fala connosco. Nós estamos aqui para te ajudar, naquilo que tu precisares. Estamos do teu lado."

 

A senhora baixou as guardas de tal forma que no final do projecto agradeceu-me a ajuda que lhe dei.

Sei que nem todos os casos são de fácil resolução.

 

Há trabalhos em que têm de aturar todo o qualquer desaforo sem poder praticamente responder. 

As pessoas pensam que por estarem a pagar um café numa esplanada, pagam também a possibilidade de enxovalhar uma "presa" fácil da sociedade.

 

Porque o cliente, tem sempre razão.

 

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