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A Podenga Portuguesa

Mulher dramática, pensativa, inquieta, feliz e infeliz. Que carrega o peso do mundo nas costas. Que é filha da mãe natureza. Acredita no amor, na empatia, na verdade, na hipótese.

A Podenga Portuguesa

Mulher dramática, pensativa, inquieta, feliz e infeliz. Que carrega o peso do mundo nas costas. Que é filha da mãe natureza. Acredita no amor, na empatia, na verdade, na hipótese.

O melhor sexo da minha vida

Mandei-lhe mensagem apenas para ter uma desculpa para o fazer lembrar de mim.

Tinha de aproveitar a vaga de comunicação acesa desde terça-feira.

Tinha de aproveitar a coragem que a vodka me fornecia.

 

Eram umas 23:00 e ele respondeu prontamente, ainda me perguntou se ia para Lisboa.

Disse-lhe que sim só não sabia se iria sair.

Continuei a aproveitar a minha noite que se prolongou até o sol raiar, pelos lados da Charneca da Caparica.

Por estar fora da estratosfera nem me lembrei de ir ver o telemóvel durante toda a noite.

Quando a festa acabou, eram por volta das 07:00, vejo que ele me tinha enviado uma sms a perguntar onde estava.

As minha pupilas dilataram ainda mais - "Obviamente que ele quer estar comigo".

Disse-lhe que ainda estava na festa e ele disse-me que ia para casa de um amigo.

 

Partilhámos vontades de estar um com o outro.

Recusei-me a ir para casa do amigo dele.

Fui busca-lo e fomos para minha casa.

Cheirávamos ambos a tabaco e a álcool, era nítido o nervosismo de ambos, talvez medo da prestação devido a mais de 24h sem dormir e a ressaca que já se fazia sentir.

Sinceramente acho que nem olhámos nos olhos até entrarmos no meu apartamento.

Eu tinha o cabelo quase molhado, estava um sol abrasador já aquela hora. Ele também transpirava por todos os poros.

"Vou tomar banho" disse-lhe eu.

No final, ele foi também.

Excelente oportunidade para o esperar no quarto, de toalha.

Aproveitei para ligar o meu candeeiro rosa super sensual e conectar as colunas com um jazz beat chill out.

 

"Estou louca", pensava.

Resumidamente eu estava com um desconhecido na minha casa.

Um desconhecido por quem tinha uma paixão platónica é verdade, mas o que sabia eu dele?

Numa sequência temporal tínhamos falado na terça-feira, trocado meia dúzia de mensagens na quarta e quinta e ali estava eu, à espera dele na minha cama, na manhã de sábado.

 

É certo que temos varias amigos em comum, mas havia sempre alguma loucura naquilo que estava a fazer.

Ele entra no quarto também de toalha.

Senta-se na cama e eu pergunto "Não achas isto estranho? Eu nem te conheço".

Ele sentou-se e começou a responder, mas eu antes que perdesse a coragem beijei-o, porque se fosse demorar mais ia começar a ficar nervosa.

Aproveitei o facto de ele não estar a espera.

"Ainda por cima beija bem", pensava eu ao beija-lo.

 

Desde que o tinha visto, há muito tempo atrás, sempre lhe achei piada, às vezes, por termos amigos em comum até o cumprimentava, mas ele nunca dava muita confiança, nunca falava muito nem mostrava entusiasmo comigo.

 

"Acalma-te, estás a tremer" diz ele.

Acho que ainda fiquei pior.

Não sabia o que se estava a passar mas eu simplesmente não conseguia controlar-me parecia uma descarga de adrenalina tal que o meu coração estava a bater forte e não conseguia respirar correctamente.

Inclusive tremia.

 

À medida que ele me ia acariciando, da forma mais carinhosa e perfeita de todos os tempos, devagar e com todo o jeito dos céus, para me ajudar a acalmar, eu ia-me deixando ir mais e outra vez....era como se sentisse dor e prazer ao mesmo tempo, era como se estivesse numa luta interna entre o cérebro e o coração.

 

Eles estavam certamente a brigar porque obviamente tiveram um deja vu.

Soltou-se um alerta vermelho, claro está.

"Calma miúda, aproveita mas não te entregues", pensava para mim.

Não dava para não entregar, aquele conceito de "sexo" era mesmo o que eu gostava e duplamente melhor, o cheiro, o toque, a velocidade, a força (só de escrever isto sinto o meu coração bater bem mais rápido). Aquele miúdo simplesmente tinha tudo na medida certa.

 

Alem disso a musica parecia embalar-nos e o ritmo dos nossos corpos era tão encadeado que parecia já se conhecerem há muito.

Ria-se para mim e eu para ele, claro que ria, ambos estávamos a pensar o mesmo e não precisávamos de falar.

Estávamos nas nuvens e o tempo tinha parado.

Posso dizer que nunca senti prazer físico de tamanha magnitude.

Estávamos ambos acordados há mais de 24 horas, cheios de coisas no sangue e cansados, mas não sabendo como, tivemos horas de amor intenso.

Pelo meio tomamos banho 3 vezes porque o calor era tanto que começávamos a pingar.

Já tinha a cama forrada com toalhas porque os lençóis estavam molhados.

Foi uma maratona insaciável.

Queríamos experimentar tudo, queríamos consumir-nos.

Inexplicável. Eu nunca passei por algo assim.

 

Infelizmente ele teve de se ir embora.

Disse-me varias vezes o quanto tinha gostado de estar comigo e eu retribui.

Confesso que me pareceu um pouco uma despedida definitiva.

Ninguém falou do futuro.

Não sei se vou voltar a estar com ele.

Por um lado até espero que não, porque é um terreno muito perigoso.

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