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A Podenga Portuguesa

Mulher dramática, pensativa, inquieta, feliz e infeliz. Que carrega o peso do mundo nas costas. Que é filha da mãe natureza. Acredita no amor, na empatia, na verdade, na hipótese.

A Podenga Portuguesa

Mulher dramática, pensativa, inquieta, feliz e infeliz. Que carrega o peso do mundo nas costas. Que é filha da mãe natureza. Acredita no amor, na empatia, na verdade, na hipótese.

Não nos deixemos perder!!

Gosto de navegar na minha mente esquisita e aliciante, como agora mesmo estou a fazer.

Apaixono-me por mim mais e outra vez.

Pelo meu sorriso fácil, o meu choro contido, o meu mau feitio matinal.

Quero-me tanto que não sei se encontrarei alguém suficientemente bom a quem me entregar.

Esta adopção não vai ser fácil.

 

Quando estamos apaixonados pelo nosso espaço, pelo nosso tempo, pelo nosso eu...é difícil doá-lo.

É difícil abdicar dele, comparti-lo com outra pessoa.

A curiosidade fica mais aguçada e difícil de satisfazer.

 

Já vimos tudo tantas vezes.

Parece-nos tudo tão igual e desinteressante agora que crescemos.

Melhorar o nosso eu é bom, é prazeroso. 

Polvilhar a nossa vida de experiências e aventuras, de viagens e gravuras sabe bem e recomenda-se.

Mas aquele muro que a experiência nos traça é difícil de saltar.

É muito alto para subir.

 

Vamos construindo mais e mais requisitos em nós próprios, desejando ser e ter cada vez mais e mais.

Tornamo-nos isolados, perfeccionistas, sem capacidade de encaixe.

Buscamos o raro porque o comum já não nos excita.

Buscamos o igual a nós para não estragar muito o trabalho já feito.

Para não destoar, não misturar.

 

Acabamos a preferir-nos a nós próprios do que a novas aventuras que dão trabalho e podem destruir-nos a tranquilidade.

A vida simples é a que dá gosto, mas com a experiência que vamos podendo ter, sítios que vamos podendo ver e pessoas que vamos podendo conhecer o gosto fica mais requintado. A fasquia mais alta.

 

Deixamo-nos levar pela ideia de que só o que dá trabalho é que vale a pena ter, é que dá gozo conseguir.

Começamos a ficar viciados no sofrimento.

Mas a beleza da vida não está nas coisas simples?

Num beijo com paixão.

Num olhar interminável.

Num cheiro a pão acabado de cozer.

Numa lambidela de um cão.

Num sorriso de uma criança.

 

Ver o mundo sim, mas com o coração.

Não nos deixemos robotizar, não nos deixemos manipular, não nos deixemos perder a noção do que realmente importa nesta passagem.

Vamos abraçar, vamos beijar, vamos cheirar, vamos olhar, porque amanhã não sabemos o que vai estar aqui.

Vamos gozar de tudo o que podemos. Não nos acostumemos, não nos limitemos, não tenhamos medo de errar.

 

Esta semana num filme chamado "Sr. Ninguém" ele dizia que é difícil tomar decisões porque uma vez que as tomamos não podemos voltar atrás e enquanto não decidimos tudo se mantém possível.

Parece que existe uma pressão de que temos de encontrar o Sr. Perfeito no primeiro tiro, nos primeiros anos de escola, nos primeiros verões, nas primeiras saídas à noite.

 

Temos de nos permitir sofrer. Tentar, abrir as portas às pessoas para entrarem na nossa vida e nos conquistarem, mesmo que isso não dê em nada.

Ninguém é obrigado a ficar com ninguém, não há regras.

Porque se não, como diz aquela comum frase cuja autoria desconheço, "Podemos acabar por perder a lua enquanto andamos a contar as estrelas".

 

Beijos!