Mãe (ii)
Gosto tanto de ti
Que dói
Não mata
Mas mói
O meu coração
Que outra opção
Existe
Para aquele que assiste
Ao milagre da vida?
Ficar recolhida
Ao livre acto de parir
Deixar de ouvir
Os pássaros a cantar?
Gosto tanto de ti
Que tenho medo
Deste meu apego
Que cada dia é maior
E se vai tornando em dor
Por não ter onde caber
Gosto tanto de ti
Que me custa a respirar
Sem me certificar
Que também o fazes
São acções fugazes
De mães capazes
Contudo medrosas
Em noites que por serem silenciosas
Assustam
Gosto tanto de ti
Que nem consigo pensar
Em nada que não me estremeça
Agora que o meu coração ganhou pernas
Sei que vão ser eternas
As minhas dores de cabeça.
By: Podenga