Ego coleccionador
Tenho um ego que colecciona
Corações famintos de atenção
Na esperança de preencher um vazio
Que vejo de fio a pavio
Ao percorrer a ilusão
De que se continuar a fazê-lo
Não tenha de enfrentar a dura realidade que é
Nem ter vontade até
De procurar melhor.
Não é preguiça é desencanto
Que o meu tempo que é tanto
Não me deixa esquecer
Dos corações que encontrei
Mas que nunca coleccionei
Por nunca poder
Trazê-los comigo
Estavam presos!
A passados vincados
De amores interminados
Que não pude combater
Outros tantos ainda
Sem mistério ou mentira
Não se esforçaram por mais
Deram-me o mínimo que podiam
Certamente mais não tinham
Mas nunca foram leais
À verdade partilhada
Deixaram-me sem fim e sem nada
Como um leão selvagem na jaula
Sem se poder defender
De um ataque que não esperava
Um desprezo que mostrava
Quão insignificante poderia ser
O tempo passado com alguém
Que também vem
Como eu a coleccionar
Corações famintos de atenção
Que um dia calhou ser o meu
Mesmo assim ao experimentar
O que é participar
Da acção que pratico
Continuo de modo afinco
Não abdico de continuar.
By: Podenga