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A Podenga Portuguesa

Mulher dramática, pensativa, inquieta, feliz e infeliz. Que carrega o peso do mundo nas costas. Que é filha da mãe natureza. Acredita no amor, na empatia, na verdade, na hipótese.

A Podenga Portuguesa

Mulher dramática, pensativa, inquieta, feliz e infeliz. Que carrega o peso do mundo nas costas. Que é filha da mãe natureza. Acredita no amor, na empatia, na verdade, na hipótese.

Devo ter cuidado com o que visto?

Também gosto de me sentir sensual.

Tenho dias de tirar selfies de cima para baixo com um decote em v profundo.

Outros de costas em topless.

Troco mil vezes de outfit até encontrar um que corresponda ao meu humor.

 

E o meu humor às vezes é sexual.

Se há dias que ponho um chapéu porque o meu cabelo parece saído de um filme de terror....

Também tenho outros que vou com toda a confiança do mundo vestindo um mini vestido e lábios vermelhos.

 

Se sei que vão olhar para mim?

Cálculo com base na minha experiência que....sim.

Eu própria não me contenho de ver o meu reflexo a cada passo.

 

Se sei que vou ser mais assediada?

Não sei se mais assediada, mas o publico que vou atrair vai ser naturalmente diferente.

Obviamente que tenho em consideração esse factor, mas se colocando na balança continua a fazer sentido e estou confortável, então saio de casa como me der na gana.

 

Mas e depois? Deverei "assumir as consequências da minha escolha"?

Atraímos determinadas pessoas consoante o nosso aspecto.

E quem ainda não notou este fenómeno, ou está circunscrito ao mesmo estilo ou ao mesmo ambiente.

É assim e sempre será.

 

Se é preconceito?

Sim talvez, mas partindo do principio que quem nos vê a passar na rua não nos conhece, as únicas pistas acerca da nossa personalidade é, de facto, a nossa aparência.

 

Pode ser totalmente o contrário, mas se eu vir uma rapariga de roupa desportiva e outra com uns calções curtos e um top, vou achar que a dos calções curtos é mais confiante de si, mais sexual, mais atrevida etc.

Verdade seja dita: há roupas que só alguém com bastante confiança veste. E nem estou a falar de mostrar muita pele.

Um vestido tigresa justinho até aos pés também serve por exemplo.

 

Não estou necessariamente a falar sobre andar com pouca roupa e muita pele à mostra.

E não estou naturalmente a falar apenas da roupa, pois obviamente a mulher primeiramente tem de ser jeitosa.

 

Mas voltando...A roupa passa uma mensagem.

E se decidimos vestir certas roupas "out of the box" temos de estar cientes que vamos chocar a opinião publica, no sentido mais lato, sujeitas ao julgamento publico, mas também mais expostas ao assédio.

Porque as pessoas partem do principio que as mulheres não se vestem para elas próprias.

Vestem-se para chamar a atenção dos homens.

O que em parte é verdade, mas só daqueles que elas querem atrair.

E estão no seu direito.

 

Estes últimos dias por força das circunstâncias tenho ouvido falar muito sobre assedio sexual a mulheres etc e tenho pensado sobre o assunto.

 

Se por um lado acho que devemos ser livres de vestir o que queremos, por outro acho que devemos medir a ocasião ou circunstância.

Se eu quero passar despercebida numa festa de palhaços, não vou vestida de coelhinha.

 

Mas repararem em mim até me apalparem o rabo é bastante diferente não?

Certo. O facto de estar vestida de uma forma mais sexual ou sensual, não dá a ninguém o direito de tocar no meu corpo.

De me desvalorizar, de me atacar verbalmente seja o que for.

 

Somos todos seres humanos e não acredito que (vamos apenas falar de homens) os homens sejam seres tão pouco racionais que não saibam lidar com os seus impulsos sexuais.

Não estamos na idade do fogo em que cada vez que uma mulher se baixava era penetrada.

Temos consciência das coisas e leis que nos protegem.

 

Não considerando um piropo um assédio, penso que no final tem de prevalecer o respeito e a vontade da pessoa.

As mulheres não são ninfas que seduzem os homens para depois os matar.

Nem os homens são um bicho papão maus e porcos.

Se existem problemas sérios de assédio sexual devem ser enfrentados e resolvidos no momento em que acontecem.

 

Agora, o que não se pode querer fazer é deixar passar uma mão na perna porque dá jeito, e depois quando não têm o que querem lembram-se de proclamar assédio!

 

Vamos chamar as coisas pelos nomes.