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A Podenga Portuguesa

Mulher dramática, pensativa, inquieta, feliz e infeliz. Que carrega o peso do mundo nas costas. Que é filha da mãe natureza. Acredita no amor, na empatia, na verdade, na hipótese.

A Podenga Portuguesa

Mulher dramática, pensativa, inquieta, feliz e infeliz. Que carrega o peso do mundo nas costas. Que é filha da mãe natureza. Acredita no amor, na empatia, na verdade, na hipótese.

Bom dia no feminino

 

Há cerca de 3 semanas descobri um cafezinho muito peculiar onde todos os dias de manhã tenho um ritual que se não cumprir, fico desalinhada.

 

Gosto muito de beber o meu café e fumar o meu cigarro lá antes de vir para o trabalho.

 

Como a esplanada está ao lado do passeio posso ficar a observar o comportamento das pessoas que por ali passam.

 

Ah e como adoro observar pessoas e criar histórias na minha cabeça!

 

Tal como eu, existem outros clientes que religiosamente estão lá à mesma hora todos os dias, pelo que, pelo menos na esplanada, já tenho 2 senhores a quem sorridente digo "bom dia".

 

São os meus "companheiros de esplanada".

 

São muçulmanos e dividem as suas conversas entre português com sotaque moçambicano e árabe.

 

Hoje, como todos os dias, estava a observar as pessoas que passavam e ao ver ao longe 2 homens e 1 mulher a aproximarem-se do café pensei:

 

"Estando eu a olhar para eles, com certeza que me vão dizer bom dia".

 

Pois bem, os homens pararam para cumprimentar os senhores da mesa ao lado da minha, e antes de entrar, sorridentes disseram-me "Bom dia".

A senhora que vinha com eles ultrapassou-os e sem olhar para o lado, não disse bom dia a ninguém e entrou para o café.

 

Eu ri-me sozinha e pensei: "Que óbvio".

 

É que não sei se é pelo facto de ser mulher, mas desde que frequento aquele café que nunca tive um bom dia de uma mulher.

Isto pode parecer mania da perseguição, mas é verdade.

 

Vamos la ver, a esplanada do café tem 3 mesas.

A que fico sempre é ao lado da porta de entrada.

Se quisesse conseguia tocar em todas as pessoas que lá entram de tão perto que passam de mim.

Faço questão de olhar para as pessoas que entram.

 

Qual é a desculpa?

 

Muitas, que me vêm olhar para elas, já antes de entrarem para o café, colocam a sua melhor cara de amuada quando se cruzam comigo.

Outras, mesmo vendo-me a sorrir para elas, desviam o olhar e não retribuem o sorriso.

 

E com os homens é precisamente o oposto, porque mesmo que venham com cara de mal-dispostos, quando eu sorrio parece que se desarmam e lá dizem o seu bom dia envergonhado, ou então apenas sorriem.

 

Compreendo que nem todas as mulheres estejam dispostas a sorrir para mim, que não me conhecem de lado nenhum, ou então que até fiquem desconfortáveis por estar a olhar para elas.

Mas bom dia?

Bom dia não se nega a ninguém, sempre me disseram os meus avós.

 

Pode ser só a minha necessidade de ser aceite a falar (já dizia a terapeuta), mas deixa-me triste que as pessoas me evitem, mesmo quando se cruzam comigo todos os dias.

 

Apesar disso, sem mágua ou rancor, lá estarei eu amanhã novamente.

Com o meu melhor sorriso, às 08:00, no café de sempre, a dar os bons-dias.