Amor Crioulo
E aí vem o cheiro a terra molhada
Vem a chuva
Que não molha nem faz nada
E eu
Deixo-me cair nos teus braços
São escassos
Os momentos que temos só nós
Tocamo-nos ambos a tremer
Num misto de frio e prazer
Debaixo do coqueiro escondidos
Na florestação densa imensa
Sentimo-nos perdidos
Entrelaçados a temperatura aumenta
E a luminosidade desvenda
O teu corpo molhado
Aprecias o meu cabelo amarrado
Por uma liana verde
O vento embala as folhas em redor
Permitindo o vislumbre da cor
Do teu rosto
Castanho tal qual a lama
Com pingas de suor emana
Um cheiro que me agita
Abre-me a ferida extinta
Relembrando-me da dor
De não te poder levar comigo
Então esqueço e sigo
Beijando-te ainda mais
Envolvidos nos sentidos da natureza e nos nossos
Amamo-nos possessos
Pelo desejo comum
De sermos apenas um
Unindo este amor que é fogo
Que arde sem cessar
Faz a humidade aumentar
O nosso calor sustenta
O que o corpo aguenta
Mal conseguimos respirar
Apesar da tormenta
Continuamos abraçados
Com os corações alagados
Da agua do mar
Das ondas que não vemos mas conseguimos escutar
Desde o nosso ninho tropical
Não damos conta da beleza que nos rodeia
Construimos a nossa teia
Protectora da boca alheia
No meio do paraíso
Alimentados pelo sorriso
Um do outro
E bem no pico do climax
O sol abandona-nos
Como que a celebrar o final
Do bem e do mal
Que este encontro compreende
Atrás dele vem a lua
Chega para nos avisar
Que está na hora de partir e voltar
À verdadeira vida
De pés no chão
Não temos hipótese senão
Ir em direcção opostas
Virarmos as costas
E seguirmos sem questionar
O que a natureza dita
By:Podenga