A fugir das drogas - parte I
Vejo-me num lugar onde eu própria me coloquei.
Não tenho mais nada senão um circulo de droga.
Fiquei azeda e insensível com aqueles que gostam de mim, porque digo..."eles não percebem".
A minha mãe já percebeu há muito que não sou a mesma.
E pior, já insinuou que "ando nas drogas" como ela diz.
Desde que o meu avô morreu que a dinâmica familiar se alterou é verdade, mas podia ter sido tudo mais fácil se estivesse sóbria.
A minha avó ficou mais dependente de mim e eu não consigo nem quero corresponder.
Estou com outros problemas para resolver.
Estou a tentar sair do lodo e reencontrar-me, sozinha.
Sozinha não porque queira mas porque todo o circulo à minha volta está minado tal como eu.
De repente, vi-me cercada de droga, drogados e dealers.
Não me interpretem mal, é tudo boa gente.
Pessoas com empregos que mantêm, com vidas organizadas e alguns até abastados.
Quando digo drogados não são pessoas em ultimo estágio, mas sim pessoas que a unica coisa que os une a mim é a droga.
Não quero dizer com isto que não seria amiga destas mesmas pessoas sem droga, mas como ambos sabemos que partilhamos do mesmo gosto e o podemos fazer sem sermos censurados, acabamos por só fazer isso.
E o simples facto de sabermos que aquela gente nos percebe, torna tudo muito mais fácil e apetecível.
Mas isto é um comportamento que não tem necessariamente a ver com ser droga.
Por exemplo, há aquelas amigas que sabemos que nos vão entender quando quisermos ir em plenos saldos enfiarmo-nos no Colombo o dia todo.
Temos sempre aquele amigo que vai aceitar, sem nos condenar, se quisermos ir beber imperiais até cair a uma terça-feira.
Ou até aquele outro que, ao contrario do resto, vai aceitar ir em pleno inverno à praia.
E por saber que não vão dizer não, por sabermos que alinham, fica muito mais difícil de bloquear estes desejos.
Ou temos autocontrolo e esmagamos as vontades, ou então se nos deixamos ir eles vão connosco.
Entendem?
E por isso a única solução é afastar-me de todos os que sei que vão dizer sim.
É afastar-me dos ambientes que estimulem o meu vicio.
É voltar a construir outra imagem das coisas.
Mas isso leva tempo.
E eu sei que já devia ter começado há muito tempo atrás.
Julgo que o Inverno veio para ajudar.
Mais tempo em casa debaixo das mantas, mais frio que vai condicionar idas à rua.
Desilude-me vir escrever novamente sobre o mesmo tópico.
Até o meu blog vim contaminar com este tema.
Mas....ele deve ser um reflexo do que sou, mesmo nas más alturas, certo?