Confesso...há dias melhores outros piores, situações que parecem pólvora para o meu pequeno (grande) ego.
Mas porque razão é que tem de ser ou 8 ou 80? Porque razão sou tão exagerada, é tudo tão dramático?
Tão ansiosa, imediata, exaltada, explosiva, mimada....
As pessoas gabam-me a capacidade de explodir num dia e no outro já estar tudo bem, mas a realidade é que durante este processo existe uma auto-destruição cansativa.
Um corroer do meu estômago, um massacre da minha cabeça, faço o meu cérebro de refém e só consigo matutar sobre o mesmo tema uma vez e outra.
O pior de tudo é que numa situação em que "as coisas não correm como eu quero" eu sei perfeitamente olhar de cima e ver que aquilo que estou a exigir as pessoas é ingrato, porque foram as expectativas que eu criei delas ou da situação.
Sei também que tenho de ter CALMA, deixar as coisas ACONTECER, que de nada vale estar IRRITADA, mas então porque sempre me custa tanto?
Não será porque já é uma coisa tão intrínseca?
Devo eu colocar este leão dentro de uma gaiola e deixá-lo lá a sofrer, ou ser apenas eu tal como sou?
Os meus amigos sabem os meus defeitos e mesmo assim continuam comigo.
Porque então assusto o resto das pessoas?
Estive a pensar sobre isso....
Uma coisa é querer mandar-me de cabeça numa relação com profundidade.
Outra coisa é mandar-me de cabeça para uma relação sem profundidade.
Não posso exigir o mesmo nem ser a mesma em ambas.
É aqui que a coisa azeda.
Quando se fazem amizades fazem-se de forma natural. No trabalho, na escola, no clube recreativo etc...
As pessoas naturalmente se vão juntando pelas suas parecenças e coisas em comum, coisas que defendem, partes que ocupam numa discussão de grupo, modo de vestir, clube de futebol, enfim uma panóplia de coisas e quando dão por si têm realmente vontade de se conhecerem, de discutirem assuntos, de saberem mais uns sobre os outros.
O interesse é verdadeiro e dá gozo, sabe bem, é energia nova que entra na nossa vida, pontos de vista diferentes, experiências diferentes que nos enriquecessem\renovam o nosso dia-a-dia, vida social, melhoram a nossa saúde.
É assim que uma amizade flui e cresce em primeiro plano.
Depois obviamente à medida que o tempo vai passando vamos mostrando mais o nosso lado lunar naturalmente, porque isso também faz parte de nós e do outro lado o impacto (na maioria das vezes) é positivo porque a pessoa nos conhece tão bem ao ponto de podemos também ser uma vez ou outra uma besta.
Eles sabem que não somos bestas, mas sim estamos apenas a ter atitude de besta.
Quem diz besta diz outra coisa qualquer.
As pessoas novas não nos conhecem, avaliam-nos pelas nossas acções.
Se não dermos tempo para que elas nos conheçam (que é o que faço), elas acabam por se assustar quando deixo fugir o leão, porque simplesmente não existe sustento na relação que aguente aquele espalhafato dramático existencial (que tanto existe por este lado).
Outra coisa que também importa quando conhecemos pessoas novas é que normalmente quando as conhecemos num ambiente em que vamos obrigatoriamente passar tempo com elas (trabalho, escola etc) aconteça o que acontecer NÃO FOMOS NÓS que escolhemos que no dia seguinte nos iríamos ver. Nós temos obrigatoriamente de nos ver.
Não existem espaço para aquele amuanço de não mandar mensagens durante não sei quantos dias e ver quem finalmente desbloqueia a situação, porque o espaço propicia "as pazes", propicia que as coisas fluam.
Mesmo as próprias brigas quando acontecem presencialmente têm outro entendimento, outro impacto, outra resolução.
Porque vêm-se expressões faciais, olham-se nos olhos, escutam-se silêncios. Temos todos os factos para serem analisados.
Nesta nova era de comunicação, em que MUITA coisa acontece através de mensagens escritas, primeiro, torna o processo de criação de relacionamentos muito mais difícil de acontecer porque as pessoas preferem estar esparramadas no conforto do sofá do que fazer qualquer coisa gira na rua e depois porque sempre que existe uma discórdia tudo é exacerbado pelo facto de estarmos a discutir para um ecrã e não estarmos a fazer a real análise daquilo que a pessoa está a dizer.
Aliás odeio trocar mensagens.
Até um simples silêncio parece que é um crime. Uma hora sem mensagens e já mudou qualquer coisa. Parece que a pessoa por não estar fisicamente ao pé de nós tem de provar que está viva de x em x de tempo. É cansativo.
Ora, na minha opinião, nas relações que ocorrem fora de espaços "obrigatórios" são muito mais difíceis de manter. Existe sempre um que tem de puxar pelo outro, existe sempre a necessidade de fazer convites para que se vejam pessoalmente etc e isso para mim também é um tópico sensível.
Não gosto de andar a rebocar pessoas, mas também tenho de admitir que conheço pessoas que não são rebocadas por mal ou por não gostarem tanto de mim quanto eu delas, são simplesmente mais desapegadas.
E eu e o desapego já sabemos como funcionamos tão bem (mas estou muito melhor!!).
O que tenho de ter consciência é que quando era mais nova era mais fácil criar amizades, conhecer pessoas.
Hoje em dia é manter os que tenho e se chegar alguém novo e acontecer naturalmente tudo ok, mas não tenho de tratar as pessoas como meus grandes amigos simplesmente porque tenho uma GRANDE necessidade de o fazer.
Tenho de entender que existem pessoas que, sabendo a minha história, entendem a minha necessidade de fazer e dizer certas coisas, mas as que não conhecem não, e NÃO TÊM CULPA DISSO.
E convenhamos....as tecnologias só vieram complicar tudo.
Como diz a Drew Barrymore no filme "He is not that into you"...