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A Podenga Portuguesa

Mulher dramática, pensativa, inquieta, feliz e infeliz. Que carrega o peso do mundo nas costas. Que é filha da mãe natureza. Acredita no amor, na empatia, na verdade, na hipótese.

A Podenga Portuguesa

Mulher dramática, pensativa, inquieta, feliz e infeliz. Que carrega o peso do mundo nas costas. Que é filha da mãe natureza. Acredita no amor, na empatia, na verdade, na hipótese.

Amor gratuito (poema)

Não penses que é gratuito

O sorriso fortuito que te dou

Se tão bem sabes

Que a cada volta invades

A tua carteira falida

 

Não é só vir e visitar

Usufruir e deitar

Na minha cama comigo

Há muito mais que preciso

Para te receber outra vez

 

Não quero o teu dinheiro

Não é isso que procuro e anseio

Mas sim uma preocupação tua

Com aquilo que eu posso precisar

Se o que pretendes é levar

Adiante esta relação

 

Não quero ter de dizer outra vez

Aquilo que tu vez

E finges não ver

Já estás farto de saber

Aquilo que espero de ti

E se ainda te aceito sem pressa nenhuma

Terás de por mão à tua fortuna

E começar a cuidar de mim

 

 By: Podenga

 

 

As histórias de amor existem mesmo?

Estes últimos dias tenho pensado....quando é que paramos de procurar pela nossa historia de amor?

Qual é o momento em que desistimos dela e nos acomodamos com o que temos disponível?

 

Em fase adulta tive apenas uma relação, que de inicio tinha o sexo e tinha a amizade, parecia-me a conjugação perfeita, à prova de bala e de quotidiano.

Também não foi assim porque o sexo deixou de fazer parte dela passado muito pouco tempo, o desejo desvaneceu, sobrando a amizade que dura até hoje.

 

Desde então, e já se passaram 4 anos, tenho vindo a ter relações curtas, umas intensas e com propensão para mais, outras nem por isso.

Tenho conhecido pessoas que fazem tudo por mim, pessoas pelas quais eu faço tudo e vamos andando assim.

Recuso-me a ser daquele tipo de mulheres que vive a vida com uma pala nos olhos e com o target de um homem à frente.

 

Que tudo o que fazem, os sitios para onde vão, as roupas que vestem, são para arranjar um parceiro.

 

Gosto de pessoas, gosto de conhecer pessoas, homens e mulheres, velhos e novos. Seduzo o mundo inteiro porque não me posso relacionar com as pessoas apenas pelo que acho que dali pode advir, simplesmente porque não sei o futuro.

 

Esta semana volto a sentir-me dividida sobre o meu comportamento relativamente aqueles que tudo fazem por mim.

Porque é que o físico importa tanto?

O que fazemos quando não há atracção física pelo parceiro mas há tudo o resto? Quando não há vontade nem de lhe dar um beijo?

E quando essa pessoa cuida de ti como ninguém, não deveria tentar fazer o esforço?

 

Não quero ter de escolher entre bom sexo e boa amizade. Quero os dois. Quero tudo a que tenho direito.

A verdade é que olho à minha volta e a maioria parece ter tomado a sua decisão.

"Sexo não dura para sempre....a amizade sim"

Mas então...o que distingue um amigo de um namorado?

 

Como faço para controlar os meus impulsos sexuais pelos outros homens? Se me controlo estou a sobreviver, não estou a viver.

Será que se aprende a ter desejo pelo parceiro? Quase parece o discurso da altura em que o casamento era combinado.

 

Tenho amigos cujos relacionamentos são uma "fraude". Preenchem algumas necessidades comuns, nomeadamente a partilha das despesas, mas depois há muita cumplicidade que falta. Há muito desejo que não existe (pelo menos de uma das partes).

Há também o recurso à traição...

 

Eu não quero isso. Eu quero um amor, que não precisa de ser à primeira vista. Quero um amor que não me faça ficar dividida. Quero um amor sobre o qual não tenha duvidas que é mesmo aquilo que eu quero e sentir o mesmo da pessoa que está comigo.

 

Será que isso existe? Talvez para ambas as partes não. Talvez exista sempre um que tenha de "fazer o esforço" em algum dos aspectos.

Que tenha de abdicar daquilo que expectava e render-se às evidências.

 

Se calhar as histórias de amor que vemos nos filmes até existem, mas com uma duração demasiado pequena para um filme de 90 minutos.

Talvez, como dizia a Charlotte no Sexo e a Cidade, as verdadeiras almas gémeas são os nossos amigos. E os homens são só para nos divertirmos.

Se calhar não há mal em sonhar, mas baixo para não cair em frustração com aquilo que o mundo real nos proporciona...

Observando as pessoas na tranquilidade de uma manhã

Olho para as pessoas que passam em meu redor, a maioria sem nunca cruzar olhar comigo propositadamente.

 

Vejo crianças obesas a sair da pastelaria agarrados a uma bola de berlim às 07:30 da manhã enquanto a mãe aumenta a velocidade da passada porque já está atrasada para o emprego.

 

Vejo o reformado ansioso por um sorriso que irá despoletar uma conversa rápida que preencherá toda a sua solitária semana.

 

O senhor espertinho que estaciona em segunda fila porque está com mais pressa que todas as outras pessoas e irrita o senhor certinho que estacionou correctamente e alinhado com os delineamentos do estacionamento publico e que agora, atrasado para o trabalho se vê obrigado a acordar a vizinhança com buzinadelas.

 

Vejo um casal de meia idade aparentemente sem pressa a degustar o seu café e o seu cigarro enquanto descrevem as noticias que vão "folheando" no seu smartphone. Equivoco-me sobre o que farão da vida para poderem estar ali com tanta tranquilidade aquela hora do dia.

 

Vejo estudantes meninas-mulher com barriga à mostra e calções curtos, a andar e a mandarem mensagens, sorridentes e felizes.

Atrás delas 2 ou 3 rapazes desengonçados (que eles demoram mais a crescer), com acne e calças pelos joelhos, com ombros encostados e sorrisos baixos a tecer comentários sobre o rabo das meninas, que entretidas com o telemóvel nem os vêem.

 

Vejo as pessoas na micromini paragem à espero do seu autocarro da Rodoviária de Lisboa que aguardam religiosamente a sua chegada pois só passa um de 30 em 30 minutos e não podem dar-se ao luxo de o perder. Adicionalmente têm de ir controlando quem está a sua frente e marcar território para as novas pessoas que vão chegando saberem que eles estão ali. Tudo isto para depois irem mais de metade do trajecto até Lisboa de pé e a levar encontrões. Fazer o quê? É o que há. A vida não é fácil.

 

Com todas estas observações esqueço-me de beber o café e já o bebo frio.

Vejo que também eu estou atrasada para o meu trabalho.

Começo a contar os dias até às ferias.

Passamos a vida a correr e a sobreviver em vez de a degustar, de nos saber mesmo bem.

Nascemos num sitio e num sitio ficamos, construimos amigos duradouros ao invés de conhecer pessoas novas todos os dias (e eles são tantos por ai).

Coisas que não entendo, mas o que sei eu? Sei lá o que custa a vida...tenho casa comida e dinheiro, nada me falta deveria estar gorda e satisfeita.

Queixo-me de barriga cheia.

Estou gorda de conforto.

 

 

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