Desabafos de um dia triste
Queridos desconhecidos,
Hoje sinto-me especialmente triste.
Apareceram-me vários "dilemas" na minha vida nestas ultimas 24h e eu, pobrezinha de mim, não tenho estofo para lidar com isto.
Estou neste momento a pensar em maneira de não me massacrar com questões que eu não controlo, mas que me afectam directamente.
Penso também quão injusto é o mundo.
Penso que não quero ter filhos.
Penso que não quero nascer de novo.
Estou deprimida, com vontade de chorar, sem vontade de trabalhar, ir ao ginásio, seja o que for.
Sem fé na humanidade.
É mais um daqueles momentos que pergunto ao céu...o que ando cá a fazer?
No meio de tanta angustia interior existe também uma percentagem de culpa porque queixo-me de problemas que (no fundo...) eu própria arranjei.
(Quando digo arranjei é deste meu velho habito de primeiro agir e depois pensar. E às vezes meto-me em cada alhada que, sozinha, não consigo sair delas.)
Culpo-me porque, para quem tem vidas realmente difíceis, isto quase que parecem caprichos de alguém com uma vida "perfeita".
Aproveitei essa culpa para me lembrar também do quanto sou amada pelas pessoas que me rodeiam.
Tão pouquinhas que cabem em 2 mãos, mas tão valiosas que são imensuráveis...
Reflicto sobre a sorte que tenho por ter sido e continuar a ser amada pela minha família e amigos.
Por ter uma família.
Por ter amigos.
Por ter uma casa.
Por ter saúde.
Neste dia, que me apetece chorar por tudo, decido respirar fundo e agradecer pelo amor que tenho recebido em todas as formas.
Agradecer pela saúde que tenho para poder gozar cada dia que passa.
Para poder escrever, ler, rir, brincar.
"Não se apaga fogo com fogo", um dia disse-me um colega de trabalho quando me viu a hiperventilar de ansiedade.
Escolho apagar a tristeza com o amor. Escolho apagar as lágrimas com um sorriso. Escolho aceitar que o mundo não é como eu queria.
Que nem todos têm de fazer as mesmas escolhas que eu.
Que nem todos querem "tentar mais um pouco".
Perdoar quem escolhe ignorar o sofrimento alheio porque dá muito trabalho dar a mão.
Um dia alguém também me disse que aquele que ajuda sente-se sempre sozinho. É uma das consequências de ser altruísta. É a solidão.
É ninguém perceber a guerra que tu travas, porque não é a deles.
Claro que há sempre quem entenda, há sempre camaradas de guerra. Mas no geral...quem ajuda é visto como maluquinho quase.
Há dias conheci uma bombeira e ela dizia-me: " O meu maior entrave é a minha família, que não percebe porque dedico a minha vida a ajudar os outros e não me apoia".
Nunca, seja em que circunstâncias for, sob pena de escutar seja o que for, ou perder quem for, se arrependam de praticar o bem!
Para quem se sente com o peso do mundo nas costas, o meu forte e quente abraço. É sinal que estão vivos!
Beijinhos,
Podenga